quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Louca




Louca desvairada
um traço
de nada
que nada
balouçante
no seu apartamento

estampa na parede
de costas
virada

suas
luzes
de Natal

Esreve 
o que diz

faz tudo 
ao contrário
sem problemas
ama as alturas
detesta loucuras
frescuras

Fresca é a vida
diz
ainda

como diz
ao carteiro
quando pergunta
é para mim?

e ele diz não

sempre não

A viva a vida
com aulas
de ballet
até  dizer que é
bailarinade pirueta

destas
que movem
a estreita
linha do tempo

Sempre
aumenta

o sofá 
do apartamento

lendo

Proust
sem entender nada

aaaaaaah
vive sózinha
não cozinha
come salada
e favos de mel
com granola
de volta
ao regime

de bailarina pirueta

Não amola
ninguém
nem tem faca

Adora sair de dia
a noite não

Noite são 
para pirilampos
fadas

croche
e mais nada

Sonho acordada
como uma etapa
de ser para
ela
uma ingrata maldade
de não receber a carta

Que seja

Porém
um dia

bateu a porta

Era o carteiro

olhou e disse
carta para você

a carta que recebo disse

é para mim o
começo
deste adereço
que ponho 
em meu pescoço
de osso amassado
de um infinito passado
ao longo do tempo

Lente
de contato
com o espaço
aberto

entrego à você esta carta

Abriu
e um bouquet
apareceu
do nada
fingindo
ser carta

Lindas flôres
e uma frase

te amo

De quem era
a carta?
Do carteiro

Casaram
e viveram

até que a morte
os uniu


no jardim

nas oliveiras

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