Louca desvairada
um traço
de nada
que nada
balouçante
no seu apartamento
estampa na parede
de costas
virada
suas
luzes
de Natal
Esreve
o que diz
faz tudo
ao contrário
sem problemas
ama as alturas
detesta loucuras
e
frescuras
Fresca é a vida
diz
ainda
como diz
ao carteiro
quando pergunta
é para mim?
e ele diz não
sempre não
A viva a vida
com aulas
de ballet
até dizer que é
bailarinade pirueta
destas
que movem
a estreita
linha do tempo
Sempre
aumenta
o sofá
do apartamento
lendo
Proust
sem entender nada
aaaaaaah
vive sózinha
não cozinha
come salada
e favos de mel
com granola
de volta
ao regime
de bailarina pirueta
Não amola
ninguém
nem tem faca
Adora sair de dia
a noite não
Noite são
para pirilampos
fadas
croche
e mais nada
Sonho acordada
como uma etapa
de ser para
ela
uma ingrata maldade
de não receber a carta
Que seja
Porém
um dia
bateu a porta
Era o carteiro
olhou e disse
carta para você
a carta que recebo disse
é para mim o
começo
deste adereço
que ponho
em meu pescoço
de osso amassado
de um infinito passado
ao longo do tempo
Lente
de contato
com o espaço
aberto
entrego à você esta carta
Abriu
e um bouquet
apareceu
do nada
fingindo
ser carta
Lindas flôres
e uma frase
te amo
De quem era
a carta?
Do carteiro
Casaram
e viveram
até que a morte
os uniu
no jardim
nas oliveiras
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