quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Palmira






Destruição de templo em Palmira na Síria é “crime de guerra”, diz Unesco











Estive
em ruínas
todos estes anos

Olhavam 
para mim
admiravam
me

Então fui descoberta
pelos capuzes negros

Voltaram-se
sobre mim

desnudaram meu
santuário

Fizeram uma feira
com meus
adereços
meus pequenos detalhes
entalhes

Cortaram tudo
de tudo tiraram
o que era de mim

E fui estuprada por
desdém
de quem acredita
num Deus
como eu acreditara

Morri

explodiram-me

e nada sobrou

Nunca antes
vivi
como agora
entulho jogado fora

peças vendidas por mercadores

e onde estão os
que me amavam?

Onde os que preservaram meu santuário?

Morta morta


Sou esquecida em um noticiário

e aqueles que
me mataram

Que a vingança do Deus
caia sobre eles

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Maldivas






Islas Maldivas - 55434









Entre rios
entranhas
montanhas
de véus carregados
suados
do fardo

De descansar estrangeiros
que ligeiros
corrompem
esta fauna
humana
que se distancia
da ilha

de  qual
falo

Esta mesmo
que

esta no fundo

do orgasmo
 pacífico
mar
adentro

Entro

e me revelo

a esmo

no desejo

que tenho
de fotografar

o que vejo

no queixo
da minha linda
e enfadonha
vida
vivida

Banida
a vida
aqui esta
o que
mais trago
a oferta 
deste trago

bebido gelado

do lado

da cadeira
no
fim
da vida

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Véu









Eu te encontro
fechada
entre
os bosques

Em capitéis
dourados
de seres
em tal
estado
que diria eu
que já morreram

Entre estes
o que me
chama a
a atenção
são
o de
lírios
defuntos
de mortos
em guerras

Estes sim
quiseram
algo
disseram algo
que não ouso dizer

Estão alí
naqueles
túmulos
entre lírios
e figueiras
e salvas

Estão
salvas
de morrer
de novo

Já se foram


E colocaram
neste mundo
um perfume
de alguém
que de ter nascido
disto

de alvenaria
destruida
de fogueira crepitante

enigma
de uma tarde
distante

de  forma vazia
alternada
com o nada
alterada

ao ter nada
nada