Solidão e mistério
Em sete ocasiões, servi de guia turístico num
rochedo que surge como um dente na parte sudoeste da Irlanda. Sceilg
Mhichil, o Rochedo de S. Miguel, ergue-se a 250m fora de água, a cerca
de 12 km de terra e só é alcançável por barco com mar calmo. Do sec VI
ao sec XII, residia aí uma pequena comunidade monástica, que não excedia
doze monges ao mesmo tempo. A sua Regra rigorosa não chegou até ao
nosso tempo.
Desligados de quase todas as nossas
preocupações secundárias, os seus dias eram passados a recitar o Ofício
divino, em oração pessoal e a retirar um parco sustento dum pequeno
jardim e dum mar agitado. Não há dúvida que descobriam Deus na sua
contemplação das ondas e dos pássaros, da lua e das estrelas. Ficaram
alguns nomes, sete ou oito, ao longo de seis séculos. Os poucos túmulos
que restaram são anónimos. Aquilo porque estes homens sem nome passaram,
para rezarem por toda a humanidade - incluindo nós próprios - desafia a
nossa imaginação.
Devia ser incrível viver num lugar tão
invulgar. A beleza da natureza disfrutada na solidão, provocou em mim um
deslumbramento total, tanto de dia como de noite. Uma vitalidade e um
reconhecimento absolutos habitavam-me naqueles lugares, apesar das
condições locais. Não tive revelações especiais.
Simplesmente, confrontei-me com o meu eu mais
profundo, com todo o meu passado e as suas loucuras. Sem dúvida que os
monges sentiam o mesmo. De qualquer forma, tanto eles como eu convivemos
com o Mistério, eles duma forma, eu de outra. Muitas vezes, desejava
voltar a este local mágico.
http://www.lugarsagrado.com/
Em outro texo do meso site havia:
Você é maior
que seus medos
do quesua ansiedade
seus rancores
suas preocupações
Você é até mesmo
maior que seu sofrimento.
Amém
Nenhum comentário:
Postar um comentário