segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Então

Um homem solteiro teria pesquisado mais
Mas para um homem casado não havia como encontrar o melhor para todos

A casa era pequena e sem ladrilhos
Andarilhos caminhavam naquela direção de bem longe
procurando alguém para acordar.

Naquele dia uma noz moscada apareceu na árvore junto ao varal
e um pântano guardava com suas moscas e sapos o fim do terreno

Foi quando comprou a casa

O homem decidiu ali consolidar sua razão existencial.
Nada de especial acontecia todo dia

As crianças vinham e iam
O tempo passava na entrada, onde um senhor de bigodes brancos teimava
em subestimar o declínio de sua estação.
Um odor no vaso da janela não era percebido

Fumava e cansava

E redondo trazia seu ventre

branco ao afagar das dores de hérnia.

Tinha tudo que o casamento trouxe: filhos

E duas meninas saltitavam em volta do avô
sem que ele percebesse
com seu olhar para o vazio.

então o outono trouxe o frio

E na noite suada ele acordou na janela
Olhando a noite
sem vida

nada mudava naquela situação

Tudo fora como era antes
e haveria de ser sempre

O Pantano chacoalhava com o coachar

A nuvem de moscas como que zunindo ao serem
devoradas, para de vez em quando uma pequena cobra verde trazer o repasto do falcão.

O colchão estava suado, amanhecia suado na noite fria,
e um gigante todas as noites aparecia fumando seu cigarro

Palha ao vento dizia

E ele entendia que palha era vento

trazendo lamento


Muitas noites se passaram

Toda uma imensidão de tempo

Ao vento

No ricochete da chuva
a janela gotejava o suor

Nada mais


Então

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