quarta-feira, 5 de junho de 2013

Título da postagem




Um final de tarde, em uma estrada do interior próximo a São Paulo.
A comunidade existiu em um local chamado de “Morada do Sol”. Um grupo de três núcleos de construções acima e abaixo de um morro. Um antigo clube de campo, com uma grande piscina e construções abandonadas de bocha e jogo de ferradura.
No topo a antiga sede do clube. Apartamentos construídos para a família dos dois irmãos que lideravam a comuna, mais os escritórios. Para o lado, em outro topo de morro, um estábulo que ajudei a construir e descendo um pouco outras casas-dormitório.
Continuando pela estrada interna, ao pé do morro, o espaço amplo e coberto que servia de refeitório e local de encontro da comuna. Um sino para marcar os acontecimentos.
Anexo, o salão fechado de grupos de crescimento, que poderíamos chamar de local de culto, se fosse um culto o que fazíamos nos campos de energia que lá se realizavam.
Naquele dia descia depois do trabalho com os cavalos, pela estrada que margeava por fora da comunidade, e me sentia muito bem pelas realizações do dia. Estava feliz como dificilmente conseguia ficar, pleno de vitalidade e esperança.
Os dois se aproximaram a cavalo, no garanhão inglês.
Pane me ofereceu os cogumelos que encontrara. Três cogumelos, os primeiros descobertos perto da comuna naquela estação. Ele não queria usá-los, acredito que estava com medo, e sua companheira tinha outros interesses do que usar cogumelos.
Eu aceitei os cogumelos, pois parecia um presente para a finalização daquele dia.
Por que eu peguei a estrada de fora e não a que passava por dentro da comuna? Por que resolvi descer naquela estrada e acabei por encontrá-los voltando de um passeio?

Vai saber...
Como dizia o professor de biologia do Bandeirantes.
Ernesto
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Pane era o companheiro, e sua companheira o grande amor.
Aquilo tudo oferecia para mim razões que não poderia entender no momento. Apenas aceitei os cogumelos e fiquei feliz com a droga que usaria à noite.
Eram poucos, não haveria como dividi-los na minha mesquinhez, então decidi que os comeria sózinho, sem contar a ninguém naquela noite, antes da festa de aniversário de Prabhu.
Por que eu peguei a estrada de fora e não a que passava por dentro da comuna? Por que resolvi descer naquela estrada e acabei por encontrá-los voltando de um passeio?

Vai saber...
Como dizia o professor de biologia do Bandeirantes.
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Retornei ao alojamento, e após o banho preparei os cogumelos ao natural, engolindo-os inteiros
 com pedaços de laranja.
Ninguém sabia disto. Ninguém soube até duas horas depois, quando já estava maluco no jantar
 e contei para o Tim, meu camarada. 
Ele e Themis me levaram então para um passeio
 no alto do morro, em direção a fogueira da festa do Prabhu.

Estávamos longe da festa, no alto do morro,
 quando olhei para o céu.
 E a Lua Cheia, na beleza imensa de aparecer naquele momento me derrubou para trás.
Exclamei Óh!... 
e cai em um leito macio de erva, como recebido em uma cama preparada para mim.
Themis e Tim queriam me tirar daquela posição para continuarmos em direção a festa, 
mas pedi para ficar,
 e por éons contemplei a Lua,
 recebendo cada onda de sua luz em meu corpo estendido no chão.

Foi lá que se iniciou minha entrada nas Portas da Percepção. Céu e Inferno se abriram naquele dia,
 e continuam nesta minha trilha solitária no mundo virtual de nosso planeta.

Mas como assim? Estás doido?

Estou. Estou desde então, e nunca mais voltei.
Aprendi a viver no mundo dos desdoidos.
 Dos doidos e malucos que aceitaram que tudo é: normal,
 não maluquice.

Dos doidos que acham que tudo é maluquice e nada é normal.

Então na mesma noite
um pouco depois da lua cheia
da Páscoa

Olhei para a estrela

Aldebarã?

Não sei


A comunicação se iniciou

bits
e bites
de frequência
alternado
a demência

Sentia então
o poder da luz

como se traduz?

Tentei em vão

Somente o olho da razão

Me dizia que era louco

No depositário de loucos
Clínica de repousos

Disse então

Eu sou um mestre iluminado!



Otário!

Cais-te nas grades
do teu refúgio

Agora és sujo
e de nada adianta o argumento
ou fingimento

Insulina na veia

Cadeia!

Dos céus cai em transe

a insulina ajudou

Agora sou grande
e nada mudou

Sempre atento aos fatos

nenhum ato

Só no meu despertar
vejo a lua nesta
tramela

Ajudado por amigos
fiz de mim

um antológico
ser histórico

Nada fiz para o momento
aos poucos aumento
o transe


Transe!

Que dizer do que vê?

Estrelas e
seres pré-históricos

Sem luz e com luz

abduzido fiz do firmamento
o monumento

Assim sou
E querer dizer que não sou

não ajuda em nada
..

2 comentários:

  1. me lembrei daquele colega que conheci há 20 anos atrás em busca de algo que eu desesperadamente tentava descobrir o que era kkkkkk e nunca consegui decifrar

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