domingo, 10 de abril de 2011

Carregando as configurações pessoais

Quando abro meu computador, a primeira obra que aparece em minha tela pessoal, meu ser, é o carregamento das configurações pessoais.
Todo dia, inexoravelmente, minha tela se expande e absorve a maior parte do que de pessoal carrego, do que processei, trazendo com ela ícones para passagens interiores, algumas delas nunca navegadas.
Meu silencioso organismo, que de tempos em tempos,
pensando em estalidos,
muitas vezes tenta me ajudar, (ajudar?)
sugerindo que eu limpe automaticamente estas janelas
que não abro em minha configuração pessoal.

A tela absorve tudo que algum dia foi colocado por alguém.
Alguém que o criou, que me criou,
seja onto ou filogeneticamente.

Eu percebo em mim mesmo
a hesitação em entrar nestas janelas ignoradas.
O que poderiam me trazer de novo?
Seriam absurdamente pavorosas no meu desconhecimento de mim mesmo,
levando a programas inseridos,
que não conseguiriam comunicar
o que o ícone tão belamente apresenta no écran?

Olho sempre para os mesmos ícones,
imagens reveladas de meu inconsciente,
mas não ouso abri-los

Muitos dos que não abro, tenho conhecimento de onde me levam.
Mas não uso por puro descaso.
Há sistemas antigos e bem construídos, que utilizo freqüentemente, claro!
e que me enfadam no praticar a rotina da revelação diária.

Porque não abrir estes links, penso eu?

Porque seria absurdo ter que realmente renovar meu sistema,
trazer novas tarefas a este processador tão estressado?
No último ponto de seu estoque de memória
e defasado em anos na velocidade da nova geração?

Subtraio-me ao próprio sistema que me formatou,
ao não utilizar o que foi colocado.
Não porque foi colocado,
mas porque está ali,
e o fato de estar aí traz para mim
o desejo oculto
de revelar
o que faço
quando carrego
minha configuração pessoal.

Se não fosse este desejo de mudança,
por que mudaria tão freqüentemente
meu tema de plano de fundo?

“Um tema é um plano de fundo e um grupo de sons, ícones e outros elementos que o ajudam a personalizar o computador em um só clique”
Meu computador inconscientemente me responde.
Em propriedade.
No absurdo de ser
Mais consciente do que eu

Revela então neste diálogo de esfinge
E tenta me induzir a pensá-lo como ser
Não como coisa

A tela mental abre-se em mim

Buber
Buber, Martin
Não preciso a Wikipedia para
Acessá-lo

Seu ser está em mim
Em outro espaço-tempo

Em outra direção
De configuração

No hiperlink espacial

Buber é Buber?
Ou a representação de Buber?

Buber é o que deixou
ou o que
Está-aí?

Sinto o drama

Ecoa do coro
Grego

Da tragédia primeva
Onde o processador zune

Ops...

Abri o hiper-link

Devo fechá-lo logo

Antes que as Galáxias e constelações elementares
De um suposto arquétipo

De um suposto códice

De um suposto

Jung

Revele novamente a distração

Entre ser e existir

No sábio conforto da casa
Midle class

Da família burguesa

Da infinita sociedade moderna
Finita no tempo de hoje

Reproduzindo a modernidade
De cem anos atrás

Contemporânea como as pirâmides

Na promiscuidade de idéias
De um tempo não gerado

UFFFFFFF



Sensentido

Sentei-me ao objeto cadeira

Tão equilibrado na explicação de matéria e objeto
Dos filósofos de plantão

Plantão eu disse
Não Platão

Absurdos pensam vocês

Vocês lêem realmente o que escrevo?

Claro1
Digo: !

Disse isto de 1 por lampejo de 1
Ou porque escorreguei a mão?
Ato falho
Ou o ato falho é de quem criou o teclado?
Ao criar o 1 com !
Junto com o ¹
na mesma tecla ??/°

Caso contrário,
(casos contrários teimam meu revisor...)
não teriam chegado a este ponto.

Mas aonde iriam afinal daqui para frente

Para o poente e o ocaso da crítica?

Para a determinação de clicar no ícone e fechar a abertura do
Link/?°

Tenho duvidas...

-Você também tem dúvida?

Ótimo!

Somos dois, mas o autor esta no meio

Como diria Buber

-Buber novamente...

-E ele era filósofo
Veja na Wikipédia

É fácil acessar...

Click neste botão direito e ausente-se por um espaço-tempo
Algo indescritível
Quando há ausência de espaço e tempo

Tentando discriminar
O que é nonsense
Crítica da pura razão
Na aparente falta de racionalidade
Num texto tão profundamente

Pró
Funda
A mente
absurdo

Há não ser que viole
Tenha tido acesso
Ou interesse pelo menos
Em acessar
Minha configuração pessoal

-Clicou?

Basta

Já nos vemos amanhã

Porque esta manhã nasceu em um domingo

Que é um dia especial

Disse o dramaturgo da novela

Disse isto porque domingo não tem novela,
coisa louca que diz tudo
e esconde de todos o que diz

Trás em ti
Esta potência de afirmar
Que a crítica do autor
Ausenta o autor
Da crítica?

Trás o absurdo de ser sincero

Fazendo gargalhadas
E piruetas
No ar
Em voz e palavras que não contém
No âmago
Algo que só pode ser traduzido
Por dentro do meio?




-Crítica sincera penso eu

Dialogando com mim mesmo...


Como poderia o absurdo de um écran vazio.
Num hiperlink desgovernado
Sem uma tabela de algoritmos
Trazer uma identificação no outro que
Traduz o escrito em sua tela mental
E procura
Decifrar o que está exposto com alguma razão?

-não há razão sofrida
que não vivida
Não traga razão
Ao irracional.

Pudera que dialogas comigo neste imaginável espelho virtual
Será tu capaz de contemplar a esfinge?

Teria você contemplado o mistério da esfinge
E saído vivo para salvar Tebas?

Teria então carregado em si
A tragédia mundana
E criado na vida
Teu próprio espetáculo emblemático

Trazendo a tua esfinge pessoal
O ícone de brilhar em uma tela fugidia...


-Estou pensando senhor criador,

por favor, não faça tantas perguntas

-Com quem então dialogaria
Meu caro computador?

Excesso de dados-
Impossível...
Confirmação...
de lógica congruente

Silêncio da manhã de abril


Retorno a configuração original.

Lentamente
Desenvolve-se o retorno
À configuração padrão

Na tela exprimida
Se expande a imagem do planeta
Visto da janela
Da estação espacial


Hesito em desligar
Pois para desligar tenho que teclar
Iniciar
--------------------- --- --- ---- --- -- -- -0101111111111111000000000110101010000111111001011111000010101010010101010101010100000110101111111000101111010100001010101000000101010101000010101011110010111010001011101010101010010101110101000010101010101010101010101000101010101010101111110001010101010110101010101001010101001010101010010101011001010100101010101010101001010100101001010111010101010101000101111010101010101010100100101010100101010101010100101010101010101010101010111011111000001010101010101000

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